O acordo parlamentar da coligação PSD/CDS com o PAN, na Madeira, tem tudo para correr mal para ambos os parceiros do negócio. Senão, vejamos. Do lado do PAN, esta decisão marca a falência definitiva do projeto de um partido que, para todos os efeitos, tem um programa baseado em generalidades, bons sentimentos e modas passageiras retiradas das redes sociais. A imagem que fica é a de um partido pisca-pisca, que tanto se alia à esquerda, no continente, como faz panelinha com a direita, na Madeira, mesmo que para isso tenha de apoiar e sustentar um político como Miguel Albuquerque, para quem os valores do PAN serão contrários à sua natureza, e seguramente secundários. Mais grave, porém, será o dano causado à direita, quer por parecer que está a vender a alma ao diabo para manter o poder, quer porque, nesse movimento, abdica da aliança que seria natural e mais facilmente entendida e aceite pelo País. Falo da Iniciativa Liberal. Fontes bem colocadas, à direita do espetro partidário, chamam a atenção para o facto de não haver confiança entre os dirigentes do PSD local e o deputado regional dos liberais. Só que isso representa a sobreposição das indisposições pessoais aos programas e ao interesse público. Albuquerque tinha duas saídas para governar. Escolheu a porta que se revelou mais rápida para ultrapassar e esquecer a noite eleitoral. A pressa costuma ser má conselheira.