É claro que a Igreja não reage à atualidade. Uma instituição milenar tem os seus próprios ritmos e procedimentos, que dialogam com a eternidade. Mas a instituição sempre teve uma peculiar sabedoria e os pés bem assentes na terra. A tradição de eleger Papas de acordo com o espírito dos tempos já vem de trás, desde a reação ao marxismo até ao longo pesadelo das simpatias nazis, culminando com o papel de João Paulo II na queda do bloco de Leste ou nos desafios da inclusão e do combate à pobreza de Francisco.
É claro, por isso, que a campanha de Donald Trump não terá tido influência na eleição do cardeal Robert Prevost. Mas o mundo enlouquecido pelo desvario de Trump passa a ter no Vaticano uma espécie de Némesis moral, outro americano, missionário, crítico das posições de JD Vance e das leis sobre a imigração, e que escolhe o nome de Leão XIV para se colocar a si próprio como sucessor da linha de pensamento social, ético e distributivo da Igreja, colocada ao lado das vítimas do capitalismo do século XIX.
Leão XIV começou bem. Vestiu-se com mais complexidade do que Francisco e fugiu à comparação com o espartano antecessor. Mas no discurso escrito seguiu o rasto de inclusão com todos, segundo a herança de Jorge Bergoglio, e emocionou-se de forma bem visível. Para já, esta conjugação chegou para causar uma boa primeira impressão. Temos Papa.
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Por Carlos Rodrigues
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