Luís Parreirão

Advogado e gestor

Doloroso texto

10 de setembro de 2025 às 00:30
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Circunstâncias dolorosas podem levar-nos a situações de descontrolo, confusão, desvario, ou, até, a práticas ou discursos que, passadas as circunstâncias, verificamos que foram erradas.

Este texto não devia ser escrito por mim, e, estou em crer, que se Jorge Coelho ainda estivesse entre nós, nada do que se tem passado teria ocorrido.

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Infelizmente o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa entendeu que a melhor forma de abordar a tragédia que se abateu sobre capital foi trazer para o debate o comportamento de Jorge Coelho há 24 anos.

À tragédia daqueles que pereceram agora em Lisboa, ao reavivar de tristes memorias dos familiares dos 59 cidadãos mortos, ou desaparecidos, em Entre-os-Rios, juntou o opróbrio de querer manchar o bom-nome de um cidadão que todos os portugueses sempre respeitaram.

Faça o que fizer, já não tem remissão. Se tiver a humildade que distingue os homens honrados, comece por pedir desculpa à Cecília, à João, ao Pedro, ao Diogo e à Inês.

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E, de seguida, informe-se sobre o que se passou naquele período em Portugal.

Após o desastre, o parlamento criou uma Comissão de Inquérito que não apurou qualquer responsabilidade individual de Jorge Coelho.

Após o desastre, a Procuradoria-Geral da República conduziu um inquérito-crime através de um dos seus procuradores mais experimentados. Também esse inquérito não produziu qualquer acusação relativamente a Jorge Coelho.

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Após o desastre decorreu um processo no Tribunal de Castelo de Paiva, processo ao qual Jorge Coelho nunca foi chamado.

Como diz o povo, “a mentira tem perna curta” e, no caso, só envergonha o seu autor.

O então ministro Jorge Coelho, e com ele eu próprio, que era seu secretário de estado, entendemos que o único caminho era a demissão.

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Por razões de responsabilidade política objectiva que ficaram expressas nas declarações feitas naquela noite.

Naquela noite ninguém assumiu responsabilidades pessoais e subjectivas, pela simples razão que elas não existiam, como o Parlamento e a PGR vieram a confirmar.

Aos que hoje fazem afirmações invocando conversas com Jorge Coelho peço apenas para pensarem se diriam o mesmo se Jorge Coelho estivesse vivo. Não, não o fariam, porque mentem despudoradamente sem que o interlocutor os possa desmentir.

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