Martin Schulz, o Presidente do Parlamento Europeu nos últimos cinco anos e ex-Presidente do Grupo Parlamentar dos Socialistas e Democratas, anunciou ontem que vai concorrer pelo SPD ao parlamento alemão nas eleições de 2017.
A União Europeia perde assim um dos seus principais líderes, que muito reforçou o papel institucional e político do Parlamento Europeu. E que, embora condicionado pela "groesse Koalition" em Berlim, fez o possível para contrariar a deriva neoliberal, austeritária, antidemocrática e intergovernamental que a Alemanha impôs na UE desde a crise das dívidas soberanas em 2011 – de facto, filha da crise financeira de 2008 nunca adequadamente resolvida. Contra o Dr. Strangelove Schäuble, que queria expulsar da UE a Grécia, o alemão Martin Schulz defendeu a Grécia, Portugal, e a União Europeia com mais solidariedade e coesão.
Bem fará o SPD se apresentar Schulz como candidato a Chanceler. Para se libertar – e nos libertar a todos – da nefasta mistela da coligação com a direita que sustenta Angela Merkel no poder. Como vem avisando o filósofo alemão Jürgen Habermas, perante os perigosos ventos populistas que sopram na Europa, nos EUA e no mundo globalizado mas desregulado em que vivemos, precisamos é de "polarização democrática" para clarificar o que propomos aos eleitores.
E para darmos rumo diferente à Europa, contra o da direita que está refém do marasmo económico e da insegurança geral e por isso cavalga o populismo xenófobo de correntes extremistas, instigadas por personagens infiáveis como Vladimir Putin ou Donald Trump, prosseguindo interesses cleptocráticos e ainda mais desreguladores.
Martin Schulz é um genuíno social-democrata e um europeísta convicto, que não esquece nunca as terríveis lições da História alemã e europeia.