Fidel Castro marcou o século XX. Começou bem. Foi o ‘El Comandante’ da revolução contra o imperialismo americano que sustentava a ditadura de Fulgencio Batista - que, não por acaso, se exilou na ditadura em Portugal. A descida da Sierra Maestra e a entrada em Havana despertariam a mitologia da revolução cubana: quem da minha geração não teve posters com o Che...
A revolução trouxe admiráveis progressos na saúde e na educação. Mas há o reverso da intolerância de Fidel contra os que considerava infiéis. E pela penúria que fez emigrar milhões e que não resultou apenas do embargo imposto pelos EUA. O embargo forneceu o álibi para Fidel justificar sacrifícios e repressão. No fundo, a América que defendeu o embargo foi aliada da ditadura cubana.
Com o afastamento de Fidel do poder, a mudança começou em Cuba. Tinha de ser porque, entretanto, ruíra o sustentáculo que era o apoio económico soviético. A visita de Obama a Cuba há dois anos queria promover a abertura: veremos se se vai acelerar agora, com ou sem ajuda de Trump...
Não me arrependo, como Secretária Internacional do PS em 2003, de ter condenado execuções de dissidentes pelo regime castrista: os socialistas democráticos não toleram a perversão que toda e qualquer ditadura implica. Eu não choro Fidel. Presto tributo ao revolucionário. Constatando que assim se apaga mais um tirano.