Alepo jaz massacrada, Putin, Assad e comparsas do Hezbollah exultam. E a Europa, incapaz de agir, nem que fosse prestando ajuda aos peshmergas curdos que em terreno iraquiano e sírio avançam na frente contra o chamado "Estado Islâmico". Uma UE auto-reduzida ao reduto expiatório da ajuda humanitária e da promessa de ajuda à reconstrução da Síria - que Síria? Que nos resta, nesta Europa, além da vergonha e da má consciência?
No Conselho Europeu, os líderes deviam reconhecer que a Europa falha porque falta. Falta na Ucrânia, agredida e ocupada pela Rússia.
Falta na Síria, no Iraque, no Iémen, na Líbia, na Palestina, onde Estados-membros não só não se coordenam mas rivalizam, sobretudo na venda de armas e outros sórdidos negócios com "parceiros" que fazem guerras por procuração usando grupos terroristas, da Al-Qaeda ao Daesh - como a Arábia Saudita, o Qatar, a Turquia. Não admira que Putin, Erdogan, Trump e outros se afeiçoem a chantagear e encurralar esta Europa em retrocesso intergovernamental anti-integração, sob batuta alemã sem princípios nem estratégia, que pode querer apaziguar mas, de facto, alimenta populismos xenófobos.
Euro incompleto a semear divergência e desigualdade; selva fiscal a desvirtuar a concorrência no mercado interno e a aproveitar à corrupção e ao crime organizado; fortaleza Europa a deixar migrantes e refugiados entregues a redes traficantes e a fabricar entre os seus próprios jovens, de sempregados e desajustados, recrutas para a hidra terrorista: esta não é a UE da paz e dos direitos humanos.
Esta Europa sem solidariedade não nos protege, nem defende: ao destruir-se, destrói a nossa segurança. Os desafios com que estamos confrontados, num ambiente global de crescentes tensões que a eleição de Trump só veio agravar, só se vencem com convergência estratégica, partilha e sinergia de recursos e de capacidades. Precisamos desesperadamente de mais e melhor União.