Miguel Torga foi bem lembrado na inauguração do túnel do Marão. Mas um português maior não merecia ser associado a um evento onde a ética republicana foi desprezada com o convite a um ex-primeiro-ministro arguido por crimes de corrupção.
Um antigo governante suspeito de apropriação de muitos milhões foi alvo de uma tentativa de reabilitação ao participar numa cerimónia com o atual primeiro-ministro.
Este sinal de brasileirização da política portuguesa, como lhe chamou Octávio Ribeiro, aqui no
CM, é uma triste página da nossa democracia. Se os atuais políticos lessem mais Torga e conhecessem melhor a sua vida, não ousariam citar o grande poeta em vão.