Os acontecimentos da esquadra de Alfragide, a verificar-se a sua veracidade, são graves e devem ser tratados com rigor. Mas há que aplicar esse mesmo rigor ao tratamento das notícias, cujo empolamento encapota algumas realidades incómodas.
Promovem-se as condenações em praça pública sobre questões como o racismo, a xenofobia e a violência nas Forças de Segurança e os tribunais não são imunes a isto.
Sendo este o caso ou não, a verdade é que a realidade criminal em bairros sensíveis é complexa e não são raras as vezes em que há acusações injustas de violência, apenas e só na tentativa do criminoso escapar impune.
Este mediatismo condenatório pode potenciar também a hesitação em agir com receio de punições, mesmo que a situação o justifique.
A obrigação de usar a força com adequação e proporcionalidade não se pode confundir com a inoperância das polícias, só porque poderão estar em causa temas polémicos.
O crime não tem raça ou credo e merece o mesmo tratamento. Uma coisa é certa, sempre que sucede algo grave no país surge "inocentemente" uma nova polémica envolvendo as forças de segurança, para assumir o protagonismo das notícias e toldar as memórias.