O simples escrutínio dos atos praticados por um político é uma das piores coisas que está a acontecer ao jornalismo nacional. Não pelo escrutínio mas pelo insuportável coro de jornalistas que logo se alinha com as claques mediáticas a rasgar as vestes pela honra do visado, insinuando que o ‘outro jornalismo’ tem uma prática menos própria. Veja-se o caso de Fernando Medina.
O que foi dito até agora? Que omitiu o negócio da casa na declaração do Constitucional, facto certíssimo; que omitiu (e podia fazê-lo) o vendedor, facto certíssimo; que o vendedor era uma pessoa ligada à família Teixeira Duarte, facto certíssimo; que o preço foi abaixo do valor de mercado, dado que se pode discutir mas não parte de um pressuposto errado.
Tudo nisto se pode e deve discutir. Medina é titular de cargo político, está sujeito a escrutínio público, tem especial obrigação de transparência, e ao noticiar os factos os media que o fizeram só estão a cumprir a sua obrigação.
Medina devia sabê-lo mas quem não o pode ignorar são os jornalistas, mesmo os que nunca escreveram uma verdadeira notícia ou se transformaram tão só em especialistas da indignação nas redes sociais e ‘jornalistas’ ao serviço de uma pequena elite política e de interesses obscuros.
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