A soma de adversários logo após o 25 de Abril não foi pequena. Primeiro, o maior de todos: Álvaro Cunhal. Depois do abraço inicial em Santa Apolónia, logo se instalaram as distâncias.
O choque com Spínola veio a seguir. Chegaram os dias do PREC e para Soares a arrelia de ter de lutar também contra Otelo, que admirava por ser o rosto do golpe que devolvera a liberdade. A todos venceu.
Na vitória do 25 de Novembro de 1975 um novo adversário emergiu. Ramalho Eanes atravessou-se no caminho de Soares mas este logo lhe colou uma insidiosa sombra de peronismo retardado. Viria a derrotá-lo também, derrotando Salgado Zenha, candidatura presidencial inspirada pelo eanismo e uma das suas mais amargas ruturas.
A vida política de Soares foi sempre esta caminhada de superação de fasquias e adversários, fora e dentro do PS. Nesse combate, nunca aspirou à perfeição e cometeu muitos erros. Afastou velhos companheiros que se tornaram incómodos, como Rui Mateus, cometeu erros.
Sempre a par da tolerância, que lhe abriu o caminho da reconciliação com praticamente todos os seus adversários. Mesmo com Cunhal, nunca escondeu a admiração que nutria por ele.
Na política nunca cavou trincheiras sem recuo. Soube sempre separar o essencial do acessório e seguir a intuição. Esse foi o seu grande poder. Por isso conquistou um lugar na história e outro na eternidade.
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