Lembro-me bem das queixas que alguns dos protagonistas da compra do famoso Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) fizeram aos diretores e patrões dos jornais por onde andei lá pelos inícios do milénio.
Não gostavam das notícias publicadas sobre o negócio, desmentiam-nas a torto e a direito, diziam-se vítimas de perseguição jornalística. Personagens que, à época, tinham grande poder no universo do BPN e da Sociedade Lusa de Negócios, estavam em funções políticas ou eram mestres na influência política de bastidores, diziam-se atingidos na honra. Foram algumas dessas notícias que levaram à suspensão do negócio, fechado três dias após a derrota de Santana Lopes nas eleições, e a Procuradoria-Geral da República a aconselhar a sua anulação.
Olhando para trás, para o preço pago (600 milhões), para as manobras de bastidores feitas para apressar o negócio, para a indecisão política em cancelá-lo, para o fracasso que tem sido a sua utilização, para as 64 mortes de Pedrógão Grande, o mínimo que se pode dizer é que o seu preço final é insustentável.
E que a autópsia desse negócio pode não ter consequências práticas, mas a sua realização seria essencial para sabermos do quê e de quem estamos a falar.
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