As eleições da Holanda foram tão interessantes quanto o próprio país. Perdendo alguns votos, o partido liberal conseguiu que o seu líder, Mark Rutte, continuasse como primeiro-ministro mas terá de coligar-se com outros partidos.
Num país que tem sabido limar as arestas das desigualdades e da discriminação, o Partido da Liberdade (PVV), movimento da extrema-direita chefiado por Geert Wilders, ficou em segundo lugar, mas sem qualquer hipótese de fazer parte do governo. O programa eleitoral de Wilders - escrito inusitadamente numa só folha de papel - era claramente antieuropeu, anti-imigração e anti-islâmico. O próprio Wilders não deixa de ser uma personagem estranha: recusou realizar debates com os outros candidatos e quase não deu entrevistas.
Note-se, contudo, que o conflito diplomático que entretanto estalou entre as autoridades holandesas e o governo de Ancara por causa do referendo turco poderá obrigar a uma revisão das respetivas políticas de imigração.
Porém, o interesse destes resultados a nível europeu reside no seu efeito nas eleições presidenciais francesas de abril e maio, onde a extrema-direita local vai tentar marcar pontos.