Vox populi, vox Dei" diziam os antigos, o que se traduz como "a voz do povo é a voz de Deus". Mas ainda que tal ditado encerre uma certa visão democrática, presta-se igualmente a ambiguidades. Haja em vista os movimentos populistas que têm vindo a surgir nas democracias ocidentais.
O populismo político - parente próximo da demagogia - alimenta-se da impaciência e da emoção descontrolada das massas em detrimento da análise cuidadosa e séria dos problemas da sociedade. E estas características nunca deixam de ser aproveitadas por forças que recorrendo a slogans e figurinos de aparência democrática são na realidade antidemocráticas. De facto, nos dias de hoje os líderes autoritários estimulam frequentemente os impulsos irracionais das populações para paralisar os sistemas representativos próprios da democracia moderna.
Ora o fenómeno populista tem reflexos inevitáveis na vida internacional. São disso exemplo não só as incertezas que rodearam o Brexit, mas também a inquietação com que se segue a campanha eleitoral norte-americana. Por outro lado, tanto na Itália como na França o populismo não é desconhecido, tal como não o é, aliás, em vários estados do mundo islâmico.