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Fernanda Cachão

O Bocage em Tancos

Se o ministro da Defesa corre o risco de cada vez que abrir a boca sobre o assalto a Tancos não lhe sair elevada prosopopeia, mais vale mantê-la cerrada.

Fernanda Cachão 4 de Julho de 2017 às 00:30
Conta-se que no quintal de Bocage um ladrão foi apanhado quando tentava roubar patos e que do poeta que sempre melhor serviu a anedota terá ouvido algo assim: "Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando os meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada." Ao que o ladrão respondeu ao poeta: "Afinal levo ou deixo os patos?!"

Como já se vê, pelo menos desde o tempo de Bocage, bípedes palmípedes faziam assaltos, e casos desses é que certamente não seriam "a maior quebra de segurança do século".

Se o ministro da Defesa corre o risco de cada vez que abrir a boca sobre o assalto a Tancos não lhe sair elevada prosopopeia, mais vale mantê-la cerrada para não fazer a figura de um bocage quando o caso não tem graça nenhuma.
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