Os Jesuítas elegeram o venezuelano Arturo Sosa para seu Superior Geral, no último fim de semana. Durante quase cinco séculos de história – completaram no mês de setembro 476 anos de existência –, essa função foi sempre desempenhada por europeus e, salvo raras exceções, oriundos da Europa Ocidental.
Desde esta semana, tanto o Papa Francisco como o denominado ‘Papa Negro’ são oriundos do mesmo continente. Esta designação deve-se ao facto de o Superior Geral dos Jesuítas usar a batina negra própria dos clérigos e ambos receberem um encargo vitalício. Ainda que, como aconteceu com Bento XVI, bem como com os últimos Superiores Gerais, possam renunciar aos seus cargos.
No passado, falava-se destes dois Papas também pelo poder que o Superior Geral detinha dentro da Igreja e fora dela, uma vez que os Jesuítas geriam as mais destacadas universidades do Mundo e estavam presentes nas principais cortes, nomeadamente como confessores de reis e de rainhas. Foi o seu poder de influência nas decisões políticas que terá despertado invejas e motivado a perseguição que culminou, em 1773, com a supressão da Companhia de Jesus.
Acabaria por ser restaurada em 1814 e, desde então, tornou-se num dos institutos religiosos masculinos com maior número de membros: atualmente tem mais de 15 mil jesuítas, espalhados pelos cinco continentes, com uma particular dedicação ao ensino e à investigação. Apesar de, em muitos contextos, conviverem com as elites, também não esquecem os mais pobres e a atividade missionária nos países mais recônditos. Arturo Sosa vai liderar esta relevante congregação da Igreja.
Contará, certamente, com a cumplicidade do Papa. Além de ambos serem latino-americanos, une-os uma amizade desenvolvida no interior da Companhia de Jesus, anterior aos cargos que agora desempenham. E partilham a mesma preocupação e o mesmo empenhamento na luta contra a pobreza.