Depois das últimas revelações acerca da queda do Banco Espírito Santo, muitos defenderam o afastamento de Carlos Costa do cargo de Governador do Banco de Portugal. Compreendo as suas posições, mas entendo que o Governo não deve avançar com o afastamento do Governador.
Em primeiro lugar, o Governador do Banco de Portugal é, à luz dos estatutos do próprio banco, praticamente inamovível do cargo. Afastar, hoje, Carlos Costa só seria possível na existência de ‘falha grave’ no exercício do cargo. Simplesmente as falhas que fragilizam o Governador são, no essencial, conhecidas há muito tempo e são, de resto, anteriores à sua estranha recondução por Pedro Passos Coelho.
Em segundo lugar, Carlos Costa tem em mãos dossiês da maior importância, que vão desde o cumprimento da promessa da venda do Novo Banco à resposta ao problema do crédito malparado. Em terceiro lugar, seria um erro dificultar as relações com as instituições europeias ao afastar agora Carlos Costa do Banco de Portugal.
É verdade que Carlos Costa é um governador fragilizado e que desempenhou mal o seu cargo. Estava ao leme da supervisão quando o país conheceu as maiores falências financeiras em várias décadas, tendo responsabilidades diretas na estratégia definida para o BES e na surreal situação que o país viveu com a capitalização de junho que se evaporou em agosto - pondo em causa o prestígio do país e a confiança dos investidores. Mais ainda, Carlos Costa foi, durante anos, e muito para além do que o cargo o aconselhava, um leal escudeiro das opções do Governo de Pedro Passos Coelho.
Concordei à época com quem considerou que Carlos Costa não devia ter sido reconduzido no cargo. No entanto, sozinho e já em fim de mandato, Pedro Passos Coelho decidiu de forma distinta e reconduziu o Governador do Banco de Portugal.
A questão que importa hoje ao país não é avaliar Carlos Costa na gestão do caso BES, mas focarmo-nos no essencial que temos para fazer: concluir a capitalização do sistema financeiro e pôr a economia a funcionar. A demissão de Carlos Costa não resolve nenhum desses dois desafios.
Cinco cenários para a UE
Após o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia não podia ficar tudo na mesma. Há uma semana, o Presidente da Comissão, Jean Claude Juncker, apresentou cinco cenários para o futuro:
1) introduzir pequenos aperfeiçoamentos ao modelo atual; 2) regressar a um modelo de mercado único; 3) consagrar uma Europa a várias velocidades em que vai mais longe na integração apenas quem o quer; 4) apostar numa UE mais eficaz e focada em menos áreas de soberania partilhada; 5) defender mais e melhor integração, mobilizando todos para esse desafio político federador. Num tempo em que há cada vez mais gente a votar por menos Europa não sei se acentuar a integração política será uma opção realista, democrática ou desejável.
No entanto, uma coisa é certa: reduzir a integração a um mero mercado livre, ou centrar a sua ação apenas no comércio e na dimensão de segurança e defesa parece-me contrário aos interesses de Portugal, que continua a precisar de uma Europa forte no pilar social e solidária com as regiões mais afastadas dos padrões de desenvolvimento.
Ronaldo como nunca o viu
Como é que possível fazer uma exposição sobre o jogador mais mediático do planeta, apresentando um lado que nunca vimos? A resposta, em 60 caricaturas sobre Ronaldo, está em exposição na novíssima Biblioteca Municipal de Marvila.
De entrada livre, a exposição inclui trabalhos vencedores e menções honrosas nos principais festivais, e estará em exposição até 31 de março.