Amúsica de Laura Marling está repleta de mistérios. Muitos para quem tem apenas 27 anos mas que parece ter uma eternidade nas suas costas. Desapareceu durante algum tempo mas agora voltou como se estivesse sempre entre nós. E faz aquilo em que é melhor do que muitos dos nomes que por aí cirandam: é a voz de uma geração. O seu novo álbum, ‘Semper Femina’, continua a navegar nas áreas da folk (com fortes influências do rock). E, desta vez, é mais directo e acessível do que os anteriores discos com que nos tinha presenteado. A sua voz continua hipnótica, sobrepondo-se às melodias que apetece acompanhar em coro. Este é aquilo que poderíamos designar como um disco que se tornará um clássico e nele encontramos ecos de Joni Mitchell ou de Neil Young. O que é um crédito a seu favor. Este disco está claramente influenciado pelo período em que Laura Marling viveu em Los Angeles e pelo círculo de amizades que ali criou. Um dos temas, ‘Nouel’, inspira-se numa rapariga com o mesmo nome, que gosta de estar na cama sem roupa, sem pudor da sua intimidade. Todo o disco, de resto, transpira sensualidade e emoções variadas. Tudo a partir de um ponto de vista feminino, como aliás o título do disco deixa antever. ‘Semper Femina’ é a expressão latina para "sempre uma mulher". Laura Marling desvenda aqui tudo o que é: uma poeta, uma inspirada guitarrista fascinada pelo universo folk, uma trovadora clássica. Laura tenta, através das canções, compreender a feminilidade, algo que nem sempre é fácil. Mas ela é a dona das palavras e da voz. Como nenhuma outra.
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