Para os XX a música que tocam sempre foi uma forma de escapar da realidade. Mas, com o tempo, deixaram de significar algo ou algum valor desconhecido, como o seu nome tentava fazer intuir. Tornaram-se transparentes e com o seu terceiro álbum, ‘I See You’, revelam-se ainda mais. São 10 canções intimistas e minimais. Os XX dizem que nos vêem como somos. E, em contrapartida, nós também os vemos como eles são. Deixou de haver um jogo de escondidas: de resto o grupo usa ‘samples’ pela primeira vez e a sua música é mais audível e envolvente. Há quem diga que os XX se tornaram mais comerciais. Não deixa de ser curioso que a primeira canção do disco surja como se fosse uma fanfarra tropical, talvez só para nos chocar sobre os novos tempos do grupo.
Depois há uma canção pop de grande nível (‘Say Something Loving’) e ‘Lips’ é um tema extremamente sensual, especialmente para aquela que julgávamos ser a mais fria das bandas. Tal como é fundamental, ‘I Dare You’ um diálogo eloquente entre o hedonismo e o romance. No fundo o grupo parece seguir a linha que tem sido desenvolvida pelo seu elo mais forte, Jamie Smith, que se apaixonou pela música de dança, tendo actuado como DJ nas sete partes do mundo e editado um disco onde esses valores estão expostos, ‘In Colour’. Cada vez estão mais distantes os tempos dos dois primeiros discos do grupo, onde a influência das bandas ‘indie’ era visível, mesmo que ela fosse temperada por um ambiente mais aprazível. Os XX regressam com um disco mais acessível e, para muitos, mais apetecível.
Ver comentários