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Fernando Sobral

No quarto

O novo disco de Jarvis Cocker, ‘Room 29’, é uma mina cheia de ouro.

Fernando Sobral 1 de Abril de 2017 às 00:30
Jarvis Cocker (a face dos Pulp) foi, durante anos, um mestre na arte da ilusão e da celebridade. Ocupava o palco como poucos músicos. Mas, na última década, decidiu deixar de estar debaixo dos holofotes. O seu silêncio musical, desde ‘Further Complications’, também foi exasperante para os fãs. Mas eis que surge agora um surpreendente disco, feito em colaboração com o pianista Chilly Gonzales: ‘Room 29’.

É uma obra conceptual sobre o hotel Chateau Marmont de Hollywood, onde as palavras contam. São pequenas histórias de decadência e desespero, que de alguma maneira simbolizam a vida das estrelas em Hollywood. Este hotel está cheio de memórias: os Led Zeppelin entraram pelo lobby com as suas Harley Davidson, Dennis Hopper organi- zava orgias ali, foi num dos seus quar- tos que John Belushi morreu com uma overdose, Paris Hilton, Lana del Rey ou Lindsay Lohan são presenças frequentes. É um hotel cheio de memórias próprias para um criador como Jarvis Cocker.

E este disco, belo e culto, é uma mina cheia de ouro. Mas ele acaba por contornar as aventuras das celebridades e discorre sobre histórias de pessoas desconhecidas. O quarto 29 é uma espécie de caixa-forte onde as ideias vão circulando.

Mas a coisa menos habitual é que ele tem um piano. Jarvis conhecia o Chateau Marmont porque, na década de 90, dormiu ali, enquanto fazia concertos com os Pulp. Gonzales era o parceiro perfeito para este projecto. Basta escutar temas como o que dá título ao álbum ou ‘Tearjacker’ ou mesmo ‘Clara’: são momentos intensos e devastadores. Como só Jarvis Cocker nos poderia trazer.
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