Os The Flaming Lips têm uma história longa e tentadora. O seu universo musical sempre foi uma viagem sideral entre o rock psicadélico e o chamado ‘rock espacial’. E, claro, pelos seus concertos, verdadeiros espectáculos de teatro e tecnologia. Sempre gostei da sua aproximação ao universo da cultura subterrânea da ficção científica e do imaginário psicadélico, onde cirandaram muitos dos melhores escritores das décadas de 1960 e 1970. Os The Flaming Lips queriam, de alguma maneira, ser a banda sonora desses sonhos exóticos e irreais. Dois dos seus grandes álbuns foram ‘The Soft Bulletin’ (de 1999) e ‘Yoshimi Battles the Pink Robots’ (de 2002) e este novo ‘Oczy Miody’ faz jus a esses momentos gloriosos.
É mais uma vez uma aventura entre os universos do som e do significado. Por isso buscam aqui o que significa o nascer do sol, os perigosos prazeres da imaginação ou o que se esconde por detrás das ansiedades do amor. Há aqui algum regresso ao passado e aos momentos em que a banda parecia querer descobrir os lugares do paraíso, onde unicórnios e humanos se cruzavam em busca da solidariedade e da paz total. Onde rãs com olhos de demónio assistem a tudo. A alucinação poética e sonora do grupo é demolidora: faz-se também voar em busca de outros mundos. O tema instrumental que dá título ao disco cruza melodia com experimentalismo, algo que os The Flaming Lips exercem com muita competência e destreza. E a voz de Wayne Coyle fala do isolamento na bela ‘How??’. Pelo caminho ainda há momentos que evocam Neil Young. Uma brilhante viagem sonora.
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