Não é pelo facto de as batalhas serem perdidas que deixam de ser justas ou de ter a razão do seu lado.
Todos sabemos que a democracia exige transparência, mas os meios de que o Estado dispõe para vigiar e escrutinar os cidadãos colocam em causa uma das grandes conquistas da idade moderna: o direito à vida privada e ao respeito pelos dados pessoais. O cartão único, o direito que o Estado se arroga de aceder a todos os nossos dados pessoais, os sistemas de vigilância, até a Via Verde e a inversão do ónus da prova podem garantir segurança, justiça e facilidade em controlar eventuais ameaças ao bem comum; mas a batalha pelos direitos individuais perdeu-se e não é uma causa popular.
Diz-se que quem não deve não teme. Mas esse sistema transformou-nos a todos em suspeitos. O futuro dirá se a democracia merece essa suspeita.
"Foi tudo uma catástrofe. Mas Ricardo Salgado é um culpado demasiado conveniente."
Luciano Amaral, ontem, no CM
Sugestão do dia
Um assunto impopular: é o tema de ‘O Meu Deus é um Deus Ferido’, de Tomáš Halík (Paulinas), o autor de ‘Paciência com Deus’. Mesmo para não católicos, há aqui motivos de reflexão. Deus é sempre o Outro.