Um grupo alegadamente composto por senhoras (estavam disfarçadas, como no Carnaval) invadiu uma barbearia lisboeta que não admite frequência feminina.
Fê-lo em protesto, com estardalhaço, como se fosse um combate feminista.
Ora, a barbearia (não o "cabeleireiro de homens", essa tropelia) é um dos últimos redutos do homem de antanho, um lugar onde se folheiam jornais, se fala em liberdade, se trata de assuntos masculinos – e onde senhora não entra. Há quem não perceba isto e ache que se trata de discriminação. Não é (também há lugares onde homem não entra). Nós, homens, confiávamos nos barbeiros de antigamente. Conheciam-nos e depositávamos neles uma confiança de confessionário, quase sempre retribuída. O meu barbeiro é um refúgio. Um homem não vai ao barbeiro apenas para cortar o cabelo. Vai – porque é homem.
Citação do dia
"Sendo [‘50 Sombras de Grey’] apenas uma coacção do marketing e dos media, não obrigado."
Eduardo Cintra Torres, ontem, no CM.
Sugestão do dia
A história de ‘O Miniaturista’, de Jessie Burton (Presença), relembra ‘Rapariga com Brinco de Pérola’, sim – é todo ele um ‘thriller’ histórico, raríssimo, comovente. Quem não se apaixona por Nella Oortman?