Um grupo de turistas perdeu-se na Serra da Estrela e acabou por ser resgatado por uma equipa da GNR que, de noite, teve de percorrer vários quilómetros a pé pelo meio da neve no cumprimento da sua missão.
Antes de subir à serra, o grupo tinha sido avisado dos perigos que corria, mas o "apelo da natureza" foi maior. Cenas semelhantes tinham ocorrido no Gerês semanas antes, com gente (avisada dos mesmos perigos) a perder-se nos trilhos da floresta, entre ravinas ou caminhos solitários – e bombeiros e soldados da GNR destacados para os salvar.
Trata-se, geralmente, de pessoas da cidade, habituadas a contemplar jardins e a apreciar legumes no prato, mas a quem não se pode criticar o desejo de "comunhão com a natureza".
Aprendi a ser guia do Gerês com um nobre sargento da Guarda Fiscal, o Sr. Pires, que me ensinou o mapa real do Gerês e os truques das grandes caminhadas pelo Soajo e pela Peneda. A natureza é feroz. Bela, tremenda, vingativa, cruel, acolhedora, perigosa. As "pessoas da cidade" precisam de conhecê-la devagar. E de pagar a despesa quando é preciso salvá-las de si mesmas.