O seguro morreu de velho. O provérbio popular deveria ser seguido pelos governantes em todas as circunstâncias e mais ainda nos tempos que correm. Não foi essa a escolha do PS, porque não pode ou porque não quer. Ficamos perante um dos orçamentos mais arriscados dos últimos tempos.
O risco do Orçamento não está na possibilidade de se errarem nas previsões de défice público, ou de crescimento da economia. O que torna o projecto de contas públicas arriscado é a sua construção pública, é a mensagem política que o envolve.
Por razões políticas, António Costa concentrou toda a atenção na frente interna. É compreensível. Precisa de estar preparado para ganhar eleições que podem acontecer a qualquer momento e tem de se libertar do PCP e do BE.
Ao concentrar a atenção na batalha interna descurou a frente externa. E é por aí que estão a chegar os problemas. Se a economia crescer tudo correrá bem. As tais medidas que Mário Centeno disse que estava a preparar a pedido do Eurogrupo podem ficar apenas no papel e nós seremos até poupados em saber quais são. Mas se algures no fim da Primavera os números começarem a derrapar, estaremos a ver a austeridade de frente.