Quando a esmola é muita, o pobre desconfia. Um alerta para o que nos pode esperar. Desde que António Costa assumiu a liderança do Governo, todos os dias temos óptimas notícias. Vamos pagar menos impostos, os funcionários públicos vão recuperar os seus salários, as pensões serão aumentadas. É um nunca mais acabar de mais dinheiro nos bolsos dos portugueses.
Como continuamos a ter a mesma dívida externa, pública e privada, e como nada de substancial se alterou – não ficámos muito mais produtivos nem descobrimos petróleo –, o dinheiro que nos vai chegar aos bolsos pode, a prazo, ter de ser retirado. Tudo depende da recuperação europeia e da capacidade de esse dinheiro que nos é agora entregue ser capaz de gerar um crescimento que produza um círculo virtuoso.
A Comissão Europeia já avisou que Portugal é um dos países que não tem condições para crescer pelo consumo sem ameaçar as contas públicas. É prudente estar alerta e, como pobres que somos, desconfiarmos.