Dizem os manuais que o primeiro-ministro responde perante o Parlamento. Os manuais estão certos (na forma) e errados (na realidade). António Costa governa como um derrotado eleitoral. Marcelo, pelo contrário, venceu nas urnas por uma margem que nunca mais parou de crescer.
Resultado: o governo, e até os partidos, responde perante um super-presidente. O que significa que um discurso de Marcelo (sobre os incêndios) ou um veto político (à lei de financiamento partidário) não é apenas uma prerrogativa presidencial. É um açoite à filharada ignara, rebelde e gananciosa.
Perante isto, há quem prefira confrontar o pai tirano (o PCP). Mas os restantes, com as orelhas a arder, fazem o que o patriarca manda.
Este 'presidencialismo informal' tem os seus perigos - e eu não pretendo regressar a 1982. Mas será preciso acrescentar que foi a miserável conduta do governo e dos partidos que os condenou à submissão?