A detenção de um ex-primeiro-ministro, acontecimento inédito em Portugal, foi vista como um sinal de mudança no que se refere à impunidade de que os poderosos sempre usufruíram por estas bandas.
A detenção de um ex-primeiro-ministro, acontecimento inédito em Portugal, foi vista como um sinal de mudança no que se refere à impunidade de que os poderosos sempre usufruíram por estas bandas. Mas há coisas que não mudam neste país deslumbrado por brilhos que raras vezes são de ouro: veja-se o tratamento de exceção que, segundo consta, tem sido aplicado ao mais famoso ‘hóspede’ das cadeias nacionais.
Os responsáveis da prisão onde Sócrates está negam a concessão de quaisquer privilégios, mas a verdade é que a denúncia sobre o tratamento de favor com que ele tem sido contemplado partiu de elementos à partida insuspeitos: os próprios guardas. Além disso, não é difícil acreditar que no interior das nossas cadeias se imponha também a velha máxima que fatalmente vigora fora delas: todos os homens são iguais, mas uns são mais iguais do que outros…
Pode até contestar-se a pertinência de certas normas aplicadas nas cadeias, mas essa é outra questão. As normas, enquanto existirem, são para ser aplicadas de modo igual a todos os reclusos, quer se trate de um humilde pé-descalço ou de um emproado com botas de cano alto…