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Leonardo Ralha

Os duelos na Ameixoeira

O repórter fotográfico já estava no local antes de o sangue ser derramado na parte esquecida de Lisboa chamada Ameixoeira.

Leonardo Ralha 31 de Março de 2016 às 00:48
O repórter fotográfico já estava no local antes de o sangue ser derramado na parte esquecida de Lisboa chamada Ameixoeira. Avisado do que se iria passar a 14 de julho de 1908, poucos meses após o regicídio, Joshua Benoliel instalou a câmara e tirou as fotografias do duelo com espada francesa em que o conde de Penha Garcia, do Partido Progressista, feriu num braço Afonso Costa, do Partido Republicano.

Nos ‘clichés’ de Benoliel, tirados na estrada da Ameixoeira, então rodeada de campo, cavalheiros distintos e camponeses curiosos observavam o duelo entre monárquico e republicano, provocado por o segundo ter dito que o primeiro, enquanto ministro da Fazenda, dera 1,8 milhões de réis ao irmão do malogrado rei D. Carlos.

Ausentes estiveram as autoridades, tal como no duelo entre Aires de Magalhães e Óscar Monteiro Torres, em 1915, com o primeiro a defender a neutralidade na Grande Guerra e o segundo a intervenção. Os duelos na Ameixoeira eram vistos como "coisa lá deles".

Nesta terça-feira, a PSP não seguiu essa lógica e interrompeu o duelo com armas de fogo que estava em curso. Cumpriu o seu dever, seja qual for a conclusão do inquérito da IGAI.
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