Esta foi mais uma semana cinzenta-escura para Dilma Rousseff. Primeiro, o PMDB, partido político que segurava o seu Governo (e que poderia vir a suportar a continuação da sua presidência), tirou-lhe o tapete. Em três minutos. O maior partido no congresso brasileiro diz ‘não a Dilma’. Ou seja diz ‘sim’ à grande probabilidade de impeachment. Ainda há muitas variáveis em jogo, nomeadamente folhas de Excel que denunciam, também, membros do PMDB. A guerra entre as grandes construtoras e o poder político ainda agora começou.
E agora, Dilma? II O PMDB mostrou que não têm assim tanto receio de denúncias (ou que tem, sim, receio do povo ou mesmo ambição de ficar a comandar a presidência). Jogou. Todos os ministros do PMDB saem do Governo menos o número dois de Dilma, Temer. O que em caso de impeachment comandará o Governo.
E agora, Dilma? IIIIsto se não for envolvido no caixa 2. Segundo uma reportagem da Folha de S. Paulo ‘ Operação de Santana reforça suspeita de caixa 2 em reeleição de Dilma’. Se isto for assim, Temer também tem o que temer. Já Lula ainda vai viver para Itália. Segundo a edição desta semana da revista brasileira Veja, Lula tinha um plano ‘montado’, caso fosse preso. Esta ideia já tinha sido especulada, mas agora ganhou peso com esta edição, que mostrou factos. Apesar de parecer descabido, o facto é que este episódio estaria em linha com toda a novela que tem vindo a ocorrer no Brasil.
Agendas internacionais adiadasE no meio de toda a embrulha política, obviamente que as agendas internacionais dos ‘protagonistas’ políticos brasileiros foram canceladas. Temer não veio a Lisboa para participar ironicamente num seminário sobre ‘Constituição e Crise – A Constituição no Contexto das Crises Políticas e Económicas’. E Dilma não voou até aos EUA para discutir, com o presidente Obama e mais 50 líderes, os desafios de segurança nuclear. A grande preocupação é com o Estado Islâmico (EI).
Palmira, cidade milenarEsta semana foi também anunciado que Palmira, a cidade milenar (quase totalmente) destruída pelo Estado Islâmico, foi reconquistada pelo regime sírio. Esta reconquista é repleta de valor simbólico e estratégico, sendo que esta cidade, património da UNESCO, foi considerada a pérola do deserto da rota da seda. Muitas ‘obras’ estão destruídas, mas a esperança para Damasco foi sinalizada - desta vez também através da arte. Esta reconquista teve certamente a mão da Rússia.
Europa e as crisesNa Europa o medo continua a ser o tema dominante. Uma questão incontornável face ao sentimento de insegurança que se está a alastrar pela Europa. Mas os outros problemas continuam. Crise do Euro, crise dos refugiados, crise económica .... entende-se que estas sejam colocadas em segundo plano. Mas não podem, também, ser esquecidas (apesar da grande questão que nos preocupa a todos).
Espanha: Já se tentou de tudo!Já passaram mais de 100 dias desde as eleições espanholas... e continuam sem Governo. O rei Filipe VI já entrou e já saiu de cena e os espanhóis continuam à deriva. Depois de Sanchez, líder do PSOE, ter sido o ‘nomeado pelo Rei’ para tentar formar Governo, tudo tem feito. Mas tem falhado. Mas até quando e a que custo é que valerá a pena tanto ‘esforço’ é a grande questão. Se até dia 2 de maio não existir uma solução de Governo, Espanha irá a votos a 26 de junho. O que deverá acontecer. O verão promete ser quente.
Com febre amarela e democráticaAngola está infelizmente com um surto de febre amarela, que já matou pessoas nos últimos dias. Num outro prisma, Angola esteve também esta semana nos holofotes do mundo. São 17 os ativistas angolanos, entre os quais Luaty Beirão, que foram condenados por crimes de ‘atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores’. Democracia em causa?
O Nobel que retratou o holocaustoImre Kertesz, prémio Nobel da Literatura em 2002, morreu aos 86 anos, vítima de uma doença prolongada. O húngaro de palavras marcantes sobreviveu ao holocausto. A sua obra retrata a experiência (sentida) nos campos de concentração. Sem Destino é a obra que lhe valeu o Nobel. Publicada em 75, demorou 14 anos a ser escrita.