Neste mundo ocidental que é o nosso, o escrutínio moral a que toda a notoriedade está sujeita pode contribuir para sociedades em que os padrões de comportamento irrepreensível sejam, cada vez mais, o pão nosso de cada dia.
E esta é a abordagem que tem superlativa importância quando se trata de quem exerce funções públicas ou a elas se candidata.
Em causa, não estará, nem apenas, nem principalmente, a prática de qualquer crime infamante, ou que ponha em causa valores relacionados com a vida coletiva; nem sequer qualquer violação da lei – quem poderá excetuar-se?! -, mas tão-só o que mereça grave censura moral, por mais que a lei o permita.
Vem isto a propósito do que uma estação de televisão, dita de referência, qualificou como a "casa de luxo" comprada por Fernando Medina - 180 m2 e 645 000 euros. Excelente casa poderá ser; de luxo, no estado atual do mercado imobiliário, duvido. Mas conceda-se o luxo.
Ora o homem comunicou ao Tribunal Constitucional o contrato-promessa de compra da casa, com indicação do valor e do sinal pago.
Depois, não comunicou a compra propriamente dita.
E, por lei, tinha de o fazer. Mas isso diz alguma coisa sobre o caráter de Medina? Valha-me Deus!