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Claro que há leitura nacional das Autárquicas, mas certas autarquias têm mais leitura nacional do que outras - o que quer dizer também que outras têm mais leitura local. E as leituras nacionais diferem igualmente na importância para os vários partidos.

Começando pelo Chega. Afinal os resultados destas eleições deram numa implantação autárquica absolutamente irrelevante para o partido. Não se repetiram os espantosos resultados das legislativas, onde ganhou, ou quase, em concelhos como Setúbal, Sintra ou Faro. Mas significa isto que o Chega vai deixar de ser o segundo ou terceiro partido nacional e não voltará a assombrar os grandes partidos? Não é de crer. Lá está, nas autárquicas os resultados também são locais. O PCP foi durante décadas um grande partido autárquico sem ser um grande partido nacional. E o BE, o contrário.

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O Chega é um deserto de figuras abaixo do líder e isso não tem afectado a sua expansão. Importa sobretudo o líder carismático e o seu impacto nacional.

Depois, o PS. O PS anda perdido e estas eleições não o ajudaram a reencontrar-se. Ficou em segundo, perdeu imensas câmaras e as grandes cidades, com poucas excepções, como Coimbra. A versão radical de si próprio em que apostou na última década entrou em crise nas últimas legislativas. Nesse sentido, o PS que se apresentou em Lisboa é uma reminiscência desses tempos, e voltou a não resultar (ao que se sabe a esta hora). Já o PS que se apresentou no Porto é praticamente o contrário e também perdeu. Em concelhos como Sintra, o PS não conseguiu ganhar, e em Loures ganhou uma espécie de PS chegano. A crise de identidade continua. A sua satisfação resulta de ter interrompido a sangria. A menos que o importante agora seja ficar à frente do Chega e ganhar câmaras ao PCP no Alentejo.

Já o PSD tem a sua leitura nacional facilitada. Ficou em primeiro em câmaras, talvez empatado com o PS. E isso não é problema para um partido que (tirando algum espinho encravado) estabilizou no seu papel de partido-charneira do sistema, entre o crescente radicalismo de direita e uma esquerda algo perdida. Ganhou Gaia, Sintra e Braga, e ao que parece Lisboa e Porto, a maior parte das grandes aglomerações urbanas. É um regresso a uma identidade urbana perdida há algum tempo.

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