A sociedade reage com indignação a notícias de professores que abusam sexualmente de crianças numa escola. A sociedade reage com indignação a polícias que surgem envolvidos em práticas criminosas, violentas ou não.
A sociedade reage com indignação a padres pedófilos que violam crianças no seio da Igreja. A sociedade reage com indignação a políticos corruptos. Indigna-se, critica e exige medidas punitivas severas, por entender que sobre o professor, polícia, padre ou político, recai uma responsabilização acrescida inerente ao cargo e aos poderes de que estão investidos.
À sociedade é permitido criticá-los, reagindo os seus pares com idêntica indignação e desejando que a justiça separe o trigo do joio. Já na Justiça e no tocante aos Meritíssimos Juízes, tudo muda de figura.
O Conselho Superior da Magistratura não gosta que se critiquem juízes cujos acórdãos ignoram a Lei Constitucional e Penal vigente, que aplicam penas suspensas a agressões graves, desculpabilizam a violência doméstica e censuram uma vítima, mulher, por infidelidade, à luz da Bíblia e do C.P. de 1886.
Reconquistar o respeito da sociedade nos Juízes e Tribunais implica que a Justiça, embora cega, saiba enxergar-se a si própria.