Estive durante o fim de semana na Suíça, onde, nas qualidades de deputado ao Parlamento Europeu e de presidente do PDR, participei na Festa da Cidadania em Genebra e no 16º Festival de Folclore em Aire-la-Ville. Às centenas de portugueses com quem contactei, deixei uma mensagem de esperança em dias melhores, quer em Portugal, quer na Europa, salientando sempre que esta só atingirá os objetivos a que se propõe com reformas profundas nas suas instituições políticas. Frisei também que, dentro da Europa, nenhum europeu deve ser tratado como imigrante.
Quanto a Portugal, sublinhei que os cerca de cinco milhões espalhados pelos quatro cantos do Mundo, nomeadamente no Canadá, EUA, Venezuela, Brasil, África do Sul, Austrália, França, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e Suíça, merecem ser tratados de forma mais digna pelos sucessivos governos. O relacionamento com a nossa diáspora não deve fazer-se através do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), que está vocacionado para as questões entre o Estado português e outros estados e não para assuntos relativos aos seus nacionais. Por isso, defendo a criação do Ministério das Comunidades Portuguesas, que teria a tutela dos consulados, enquanto o MNE continuaria com a tutela das embaixadas.
Os consulados de Portugal não têm de ser dirigidos por diplomatas mas sim por funcionários superiores do Estado que conheçam bem os problemas dos nossos emigrantes e ajam sempre com elevado sentido de serviço às respetivas comunidades. Os novos cônsules deverão, no futuro,
ser mais os representantes da nossa diáspora junto do governo português do que mandatários deste junto daquela.
Deixei a cidade de Genebra, no domingo à noite, rumo a Bruxelas, com a renovada convicção de que, hoje, só se é verdadeiramente português quando se vive pelo menos algum tempo no estrangeiro.
Indignidade
O interesse deste Governo pela língua portuguesa e pelos portugueses que trabalham no estrangeiro está bem patente no desprezo com que tem tratado os docentes que ensinam a língua de Camões e de Pessoa na Suíça. Obrigar emigrantes a pagarem propinas de 100 euros para os filhos aprenderem português é uma indignidade só admissível em quem não tem o mínimo sentido de Estado.
Frustração
A Terra começou sem o Homem e há de acabar sem ele. E um dia, muito depois de consumada esta terrível sentença, num tempo em que já não haverá dias, voltaremos todos com relativa tranquilidade às entranhas de uma estrela, muito semelhante àquela de onde, há milhares de milhões de anos, fomos violentamente expelidos. (Assim sublimo a frustração por não ter sido astrofísico ou astrónomo).