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António Marinho e Pinto

Eleições na Madeira

Mais uma derrota da democracia

António Marinho e Pinto 6 de Abril de 2015 às 00:30

Os resultados das eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, realizadas no passado dia 29 de março, mostraram à evidência aquilo que todos os partidos concorrentes tentaram esconder: mais uma derrota da democracia. Sim, a grande derrotada nesse ato eleitoral foi a própria democracia, porque a maioria dos eleitores madeirenses, em nome de quem os partidos apresentaram os seus candidatos, não confiou o seu voto a nenhuma das onze formações políticas que o disputaram.

Em relação às anteriores legislativas regionais, votaram menos 19 441 eleitores, embora o número de deputados seja o mesmo de sempre – 47.

Em vez de destacar essa debandada dos eleitores, os partidos do sistema silenciaram-na e começaram todos a fazer leituras enviesadas dos resultados mediante as quais quase todos saíram vitoriosos. No campo da prestidigitação política, o destaque vai para o CDS-PP, cujo líder, Paulo Portas, apareceu nas televisões, com ar triunfante, a proclamar a grande "vitória" do seu partido, que, porém, acabava de perder dois deputados e mais de dez mil votos em relação a 2011.

Contudo, o grande derrotado foi o PS e os partidos que com ele se coligaram (PTP, PAN e MPT), que no conjunto perderam cinco deputados e mais de dezoito mil votos. Essa derrota acabou ampliada pela total falta de solidariedade da direção nacional do PS, com destaque para o líder, António Costa, cujo afã oportunista de distanciamento político parecia indicar que ele até nem tinha ido à Madeira a fazer campanha eleitoral pelo PS.

O silêncio do PS sobre a prisão preventiva de José Sócrates mostrara que a direção dos socialistas não cultiva a solidariedade, pois, tal como Pilatos, lavou as mãos em relação à sorte do seu antigo líder. Mas ainda mais espantoso é que, após os resultados das eleições Madeirenses, até parecia que na sede do partido em Lisboa ninguém conhecia o PS e os camaradas dessa região autónoma. Quando não olhamos a meios para conquistar o poder, acabamos, muitas vezes, por mostrar aquilo que mais queríamos esconder.
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Os partidos do sistema escondem os maus resultados atrás das percentagens. Como estas se referem ao número total de votantes, mesmo quando estes diminuem as percentagens, mantêm-se ou sobem. E como os deputados são sempre eleitos, seja qual for o número de votantes, fica concluído o caldo enganador. É com mistificações como esta que se esconde a doença da nossa democracia.

Os deputados representam cada vez menos os eleitores e cada vez mais os interesses dos partidos pelos quais se candidataram. Quando a representação parlamentar constitui monopólio dos partidos, qualquer eleito não terá compromissos com quem o elegeu, mas apenas com a direção do partido que o escolheu, pois, caso contrário, não voltará a ser escolhido como candidato. 

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