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Correio da Manhã

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Nuno Tiago Pinto

A vergonha de Ventura

Acreditámos estar imunes aos populismos de direita radical.

Nuno Tiago Pinto 31 de Março de 2023 às 00:30
A defesa da excecionalidade portuguesa é uma espécie de desporto nacional. Acreditamos – obviamente com razão – que temos os melhores jogadores de futebol, as praias mais bonitas, a comida mais deliciosa, somos os mais hospitaleiros ou os que melhor se integram num país estrangeiro. Durante muito tempo acreditámos estar imunes aos populismos de direita radical que surgiam pelo mundo como cogumelos.

Até que um ex-seminarista percebeu que através de umas tiradas mais ou menos chocantes conseguia ganhar espaço político e foi capaz de levar um partido sem ideias ao Parlamento. Como era previsível, após o refugiado afegão Abdul Bashir matar duas mulheres à facada no Centro Ismaili, André Ventura atirou-se à “política de portas abertas” do governo de António Costa, que culpou pelo “sangue destas vítimas”. Nem uma palavra para as famílias destas últimas ou para a comunidade Ismaelita que desenvolve um trabalho social exemplar.

O problema para o líder do Chega é que esse discurso não tem adesão à realidade. Portugal é dos países mais seguros do mundo. E essa não é uma excecionalidade. É mesmo uma verdade suportada por todas as estatísticas. Dizer ou defender o contrário é uma vergonha.
André Ventura educação questões sociais crime lei e justiça judicial (sistema de justiça)
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