Sem haver forma melhor de organizar politicamente ideias, grupos e seus interesses colectivos, a representação política no parlamento e municípios passará pelos partidos.
Criados para esse fins, os partidos, entretanto, existem com objectivos menos edificantes. Querem o poder e lugares públicos para benefício próprio, dos seus dirigentes e elites secundárias: o partido para servir o partido e não o partido para servir os cidadãos.
Evoluções sociais e políticas das democracias causaram o deslassar das relações de força entre velhas instituições como os partidos, novas formas de associação e os cidadãos em geral. Mas não tem havido meio eficaz de evitar a estruturação da representação política em partidos.
Por isso, além de candidaturas independentes - castigadas pela lei (feita pelos partidos, claro) e também pelos media (que tendem a seguir a ideologia da partidocracia) -, surgem candidatos independentes enxertados em partidos, amiúde liderando candidaturas. Os partidos servem de barrigas de aluguer para eles e seus grupos informais tentarem chegar ao poder por razões diversas: egos enormes, ambição de poder, mas também a ambição genuína de fazer melhor que "os que lá estão", de outro partido.
Conheço um caso destes, numa freguesia rural da Beira: fartos de autarcas ineptos e alheados do serviço público, candidatam-se por um partido para servir de barriga de aluguer ao seu projecto independente. Se resultar, é bom para eles, para os fregueses - e para o partido "alugado".
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