A política foi capturada pela corrupção. E este fenómeno, preocupante em qualquer sociedade, assume em Portugal características dramáticas. É ostensiva e desenvolve-se à vista de todos.
É muito cara e sistémica, confundindo-se com o próprio regime.
Os casos de corrupção repetem-se de forma visível: corrupção na Expo 98, no Euro 2004, na compra de submarinos, no BPN, nas parcerias público-privadas e nos ‘swaps’, no BES… tudo às claras! A corrupção esmaga-nos. Com a força que ostenta, impõe silêncio e medo. E é cara: só o escândalo do BPN terá depauperado os cofres públicos em sete mil milhões. Os custos acumulados de todos estes casos representarão mais de 30% da dívida pública!
Mas a pior das características da corrupção é que ela é sistémica, de senvolve-se no seio da própria política. No caso das PPP rodoviárias, como noutros, os políticos que em sucessivos governos lançaram os negócios foram mais tarde colaborar com as empresas que haviam beneficiado. Os ex-ministros das Obras Públicas foram trabalhar nas concessionárias privadas: Ferreira do Amaral preside à Lusoponte, Jorge Coelho administrou a Mota-Engil. Para onde foi também Valente de Oliveira.
A corrupção nacional estendeu os seus tentáculos por vários continentes. No megaescândalo ‘Mensalão’, no Brasil, o banco de referência era o BES, a PT estava também envolvida. Em Angola, foi também o BES um dos principais veículos de ligação entre os chineses e o poder corrupto de Luanda.
Com estas características, a corrupção compromete o nosso futuro e até o futuro dos nossos netos. Pois o estado vem celebrando negócios ruinosos com prazos de décadas: muitas das PPP prolongam-se por 40 anos; há contratos de concessão e gestão de água que garantem rendas à Mota-Engil, em Gaia, por 25 anos; ou até à DST, em Braga, por 50 anos!
A corrupção sofisticou-se e fortaleceu-se. Prepara-se para dar o golpe de misericórdia na democracia.