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Paulo de Morais

Sociedades secretas

Mas o que é mesmo necessário é que todos os atores públicos revelem as suas afiliações às sociedades de advogados.

Paulo de Morais 22 de Agosto de 2015 às 00:30
As firmas de advogados é que são as verdadeiras sociedades secretas em Portugal. Representando interesses privados aos seus clientes, estão no entanto envolvidas na feitura de Leis, dominam a política, condicionam a comunicação social. Mas os seus membros intervêm no espaço público, normalmente disfarçados.

Uma das mais poderosas é a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados. Lança jovens na política, como os atuais governantes Assunção Cristas e Mesquita Nunes. Na próxima legislatura, garantirá a sua presença no Parlamento com a eleição do centrista Mendes da Silva. É sócio da firma de Lobo Xavier, que comenta na SIC política e economia, sem que os espectadores se apercebam das suas ligações ao Grupo Mota, ao BPI e a outros tantos interesses.

Comentadores e políticos são também Paulo Rangel e António Vitorino, sócios da firma Cuatrecasas. O primeiro nunca se coibiu de comentar a privatização da TAP, negócio em que a sua sociedade estava envolvida. No dossiê TAP, faturou também a Abreu, cuja maior vedeta é Marques Mendes. São estas sociedades de causídicos que produzem a legislação que mais prejudica os contribuintes, como a das ruinosas parcerias público-privadas, elaboradas na Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva, do socialista Vera Jardim, a que sempre deu nome o ex-Presidente Sampaio. Jardim debate na rádio com Morais Sarmento, ligado aos interesses dos clientes da PLMJ, de José Miguel Júdice. A lista é infindável. A Uria Menendez representa, através de Proença de Carvalho, os interesses de Eduardo dos Santos, Ricardo Salgado e José Sócrates. Proença faz comentário político na TSF sem revelar a quem serve. Como preside à Administração do ‘Jornal de Notícias’ pode censurar vozes incómodas aos negócios dos seus clientes.

Exige-se, a cada passo, que atores públicos revelem as suas ligações à Maçonaria, para assim evidenciarem cumplicidades secretas. Talvez não fosse mau. Mas o que é mesmo necessário é que todos revelem as suas afiliações às sociedades de advogados, pois são estas as verdadeiras irmandades do regime.

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São uma farsa. Por um lado, para convencer empresários portugueses a investirem dinheiro no estrangeiro, desviando recursos de Portugal. Por outro, para garantir vantagens comerciais às empresas protegidas pelo regime; é uma versão diplomática da promiscuidade entre negócios e política.

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