As firmas de advogados é que são as verdadeiras sociedades secretas em Portugal. Representando interesses privados aos seus clientes, estão no entanto envolvidas na feitura de Leis, dominam a política, condicionam a comunicação social. Mas os seus membros intervêm no espaço público, normalmente disfarçados.
Uma das mais poderosas é a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados. Lança jovens na política, como os atuais governantes Assunção Cristas e Mesquita Nunes. Na próxima legislatura, garantirá a sua presença no Parlamento com a eleição do centrista Mendes da Silva. É sócio da firma de Lobo Xavier, que comenta na SIC política e economia, sem que os espectadores se apercebam das suas ligações ao Grupo Mota, ao BPI e a outros tantos interesses.
Comentadores e políticos são também Paulo Rangel e António Vitorino, sócios da firma Cuatrecasas. O primeiro nunca se coibiu de comentar a privatização da TAP, negócio em que a sua sociedade estava envolvida. No dossiê TAP, faturou também a Abreu, cuja maior vedeta é Marques Mendes. São estas sociedades de causídicos que produzem a legislação que mais prejudica os contribuintes, como a das ruinosas parcerias público-privadas, elaboradas na Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva, do socialista Vera Jardim, a que sempre deu nome o ex-Presidente Sampaio. Jardim debate na rádio com Morais Sarmento, ligado aos interesses dos clientes da PLMJ, de José Miguel Júdice. A lista é infindável. A Uria Menendez representa, através de Proença de Carvalho, os interesses de Eduardo dos Santos, Ricardo Salgado e José Sócrates. Proença faz comentário político na TSF sem revelar a quem serve. Como preside à Administração do ‘Jornal de Notícias’ pode censurar vozes incómodas aos negócios dos seus clientes.
Exige-se, a cada passo, que atores públicos revelem as suas ligações à Maçonaria, para assim evidenciarem cumplicidades secretas. Talvez não fosse mau. Mas o que é mesmo necessário é que todos revelem as suas afiliações às sociedades de advogados, pois são estas as verdadeiras irmandades do regime.
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Perguntas & Soluções: as missões empresariais do Estado
Para que servem as missões empresariais do Estado?São uma farsa. Por um lado, para convencer empresários portugueses a investirem dinheiro no estrangeiro, desviando recursos de Portugal. Por outro, para garantir vantagens comerciais às empresas protegidas pelo regime; é uma versão diplomática da promiscuidade entre negócios e política.
Quem tem sido mais beneficiado com estas missões?Na Era Sócrates, o Grupo Lena ganhava os melhores negócios. Com o atual governo, Paulo Portas tem sido um verdadeiro promotor da Mota-Engil em Angola. E a mais importante missão de Cavaco Silva foi na China; o negócio mais significativo foi feito pelo BES de Ricardo Salgado, a dois meses do descalabro.
Telegrama: combate parado contra a corrupçãoPortugal continua sem avanços no combate à corrupção transnacional, segundo o estudo da Transparency Internacional sobre implementação da Convenção anti-suborno da OCDE. É a consequência da ligação de empresas lusas a casos de corrupção internacional, como o BES em Angola ou as ligações da PT ao escândalo Lava Jato no Brasil.