No processo de passa-culpas em curso (a Proteção Civil acusa o SIRESP, a GNR acusa o Governo, o Governo acusa a Proteção…), ela chora. Ela, a ministra que não encontra uma explicação além do "fenómeno muito anómalo" que explica tudo e nada. E sendo assim, a ministra chora. Lágrimas que correm num tempo de amolecer a dor. O povo gosta, o pranto dá jeito a quem a seu tempo agradecerá o esforço de Constança Urbano de Sousa, corrigindo um erro de ‘casting’.
Quem não tem emenda é Passos Coelho: dizem-lhe o que quer ouvir e ele acredita. Pior: faz do desejo uma verdade absoluta. Foi assim quando se convenceu – provavelmente seguindo a intuição da sua ministra das Finanças – de que o diabo vinha em 2016, provando que a política económica do Governo era um desastre.
O défice ficaria "confortavelmente" acima de 2,5%. O diabo ficou em casa e fez a vida de Passos num inferno. Agora, quando a tragédia lhe tinha oferecido força para o combate político, deixou-se levar num impulso de vontade. E num pé de orelha fatal, escorregou num hara-kiri desnecessário. A palavra usada deveria ser, no contexto, evitada. Sendo falsa teve efeito boomerang. António Costa vai agradecendo: tanto à sua ministra como ao líder da oposição.