Em Portugal continua alegremente a formatar-se a transparência à medida das conveniências. Na democracia por medida, que muitos cultivam, não há limites.
Dois exemplos da última semana: 1- O Tribunal da Relação considerou que "evidencia-se um indiscutível interesse público na aferição da real situação" da CGD e ordenou que o banco entregue ao Parlamento os documentos que tem escondido dos portugueses. PSD e CDS aplaudiram a decisão, o PCP preocupou-se apenas com a fragilização do banco e o PS nem queria que o pedido tivesse seguido para tribunal.
2- Em ano de autárquicas, o Governo reforça o poder das Comissões de Desenvolvimento Regional (CCDR). A medida é positiva, escusava era de implicar enorme subida da despesa: os presidentes vão custar mais 29% (5823€); os vices são aumentados 1500€ por mês e os vogais, que nem existiam, vão ganhar mais do que os antigos presidentes. O Governo, e bem, exige que os titulares sejam licenciados.
Mas a Associação de Municípios está contra. E até lembra que para ser autarca, Presidente da República ou deputado não é preciso canudo. Esquece-se é que esses são eleitos pelos cidadãos, enquanto os senhores da CCDR sê-lo-ão por círculos de autarcas. É ou não democracia à medida?