Bem sei que faltam, ainda, dez meses para as eleições norte-americanas, mas a verdade é que as primárias estão à porta e do lado republicano surge a ameaça real de poder ser Donald Trump o candidato escolhido. E, sendo escolhido, pode sempre vir a ser presidente dos Estados Unidos.
A última sondagem mostra que o milionário tem uma enorme vantagem relativamente aos opositores dentro do seu partido, e que essa tendência se tem vindo a acentuar nos últimos tempos, apesar do seu discurso radical, racista e xenófobo.
Do lado dos democratas, a corrida é mais apertada, entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, o que pode dar vantagem ao partido Republicano, se a sua escolha for mais célere. E essa vantagem pode ser potenciada, ainda, se as políticas de Barack Obama continuarem a não convencer a maioria dos americanos e incentivarem o voto de protesto.
A escolha de Donald Trump pode, a exemplo do que sucedeu em 1964 com Barry Goldwater – também ele político populista e racista – levar a uma derrota histórica do partido Republicano. Da mesma forma que Goldwater alienou o voto dos negros americanos, que nunca mais votaram no partido Republicano, o mesmo sucederá inexoravelmente, desta vez, com o voto hispânico.
Mas há, todavia, a hipótese remota de, por fragilidade na área política dos democratas, Donald Trump conseguir ser eleito. A hipermediatização e a superficialidade do debate político americano favorecem um candidato que parece saído de um reality show mas que, com a sua xenofobia, com as suas mentiras bem ensaiadas e um estilo trauliteiro que não poupa os adversários, apela ao sentimento securitário de uma parte da população norte-americana.
Num mundo cada vez mais perigoso, confrontado com grandes ameaças globais como o terrorismo, alterações climáticas e a pobreza, a possibilidade de Donald Trump poder vir a ser eleito presidente dos Estados Unidos da América, considerado o cargo mais importante do planeta, é um cenário assustador e pavoroso. E é um cenário que não afeta apenas o universo eleitoral em causa.
Porque a última coisa de que necessitamos, depois de Obama, é de um presidente ‘trigger happy’ com vontade de interferir em tudo o que acontece no planeta. E nós, infelizmente, não votamos...