Qual é o interesse estratégico de uma companhia aérea de bandeira, como é o caso da TAP, para um país periférico, de pequena dimensão, mas com uma diáspora relevante, como é o caso de Portugal? Será que este interesse, a existir, é sustentável, nas condições atuais do nosso país?
Esta questão foi muito relevante durante a última campanha eleitoral. Argumentou a direita que a privatização era inevitável, porque a empresa não podia continuar a receber ajudas de Estado; contrapôs a esquerda que a TAP tinha uma importância estratégica para o país que não podia ser ignorada. Pouco interessa avaliar se a decisão de privatizar a maioria do capital foi a mais adequada; a verdade é que o Governo anterior fez essa opção; e também é verdade que o atual governo optou por renegociar a privatização e readquiriu, por um preço relevante, a paridade no capital.
As duas opções são legítimas e ambas se enquadram com aquilo que foi apresentado ao eleitorado, que por isso as sufragou. Assunto acerca do qual nunca me ouviram pronunciar. Mas, ao readquirir capital da TAP, o primeiro-ministro justificou a sua opção pela necessidade de o Estado ter uma palavra a dizer na definição da estratégia da empresa. A reversão, ou recompra do capital, teria como objetivo reequilibrar o interesse privado e o interesse público. Ora, no que diz respeito à componente pública, o primeiro-ministro não se cansa de afirmar que as questões das rotas, hubs e bases aéreas são da maior relevância estratégica, nomeadamente no Porto. E que, por isso, o Governo terá uma palavra a dizer nessas matérias. Pelos vistos, não é esse o entendimento do ministro do planeamento e infraestruturas, que entende que essas são questões executivas que cabem, por isso, em exclusivo, aos privados, no âmbito de um plano estratégico que estava pronto aquando da recompra do capital e que, agora, prossegue incólume. Há confusões que são desnecessárias. Afinal, em que ficamos? O que é que o Estado recomprou aos privados, empenhando dinheiros e responsabilidades públicos? Para quê, com que objetivo? O que não interessa, nem pode suceder, é construir um modelo híbrido em que pagamos a fatura, assumimos os riscos, mas não beneficiamos de um serviço relevante e damos estatuto de empresa de bandeira a quem quer deixar de o ser.
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‘Habitar Portugal 12-14’
A exposição inaugural do projeto ‘Habitar Portugal 12-14’ é apresentada, dia 18 de fevereiro, na Galeria Municipal do Porto. Esta é uma coprodução entre a Ordem dos Arquitetos e a Câmara do Porto. A sessão de inauguração está marcada para as 19 horas e é de entrada livre. O projeto estará patente para visita do público até 25 de abril.
O projeto observa a produção arquitetónica portuguesa no período do resgate e questiona: "Está a arquitetura sob resgate?" A equipa comissária, composta por Luís Tavares Pereira, Bruno Baldaia e Magda Seifert, procurou compreender os impactos e as influências do contexto social e cultural que atravessamos na produção de arquitetura. A Galeria Municipal do Porto, onde estará patente, inaugura a sua temporada, com um programa aliciante e uma nova imagem.
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Equívocos sobre a TAP
Nos últimos dias, enquanto tentamos perceber se a TAP é pública ou privada, os freteiros do costume, incentivados a fazerem vénias que misturam com insultos, vão disparando as suas armas. Assim, e para que mentiras repetidas não pareçam verdades, digo o seguinte. Nunca apoiei ou me pronunciei sobre a questão da privatização da TAP pelo anterior Governo. A Câmara do Porto não subsidia ou subsidiou companhias aéreas, ou seja, não paga à Ryanair. Sim, tenho experiência no setor privado, sei que uma empresa que não faz breakeven quando esgota a sua produção é mal gerida. Ainda não comecei a minha campanha eleitoral, mas quando começar, prometo arranjar temas ainda menos consensuais e mais polémicos.