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Rui Moreira

O aviso britânico

Não se pode falar numa eleição referendária à política britânica face à UE, mas há uma leitura europeia a fazer desta vitória.

Rui Moreira 17 de Maio de 2015 às 00:30
A vitória do Partido Conservador, em Inglaterra, deve ser motivo de reflexão. A última maioria absoluta obtida pelos Conservadores tinha acontecido há 23 anos e há 32 que os Trabalhistas não tinham um resultado tão mau. Estes factos precisam de ser contextualizados. A personalidade de David Cameron, a sua determinação e convicções e a forma como a campanha foi (bem) conduzida, indiferente à pressão das sondagens, são, evidentemente, parte da explicação.

Os Trabalhistas não conseguiram convencer o eleitorado da sua recusa a um eventual entendimento com os independentistas escoceses, e Milliband optou por um discurso populista e muitas vezes saudosista, que não convenceu os britânicos. Independentemente destes factos, outras questões merecem avaliação. Primeiro, Cameron é tudo menos um europeísta ou, pelo menos, não é um seguidista das políticas do BCE e da Comissão Europeia. Não se podendo falar numa eleição referendária à política britânica face à Europa, a verdade é que há uma leitura europeia a fazer desta vitória e, sobretudo, da sua inesperada expressão. Em segundo lugar, o voto britânico foi claramente a favor de um discurso de responsabilidade orçamental (ou de austeridade, como dirão os mais radicais) e contra uma forma mais tradicional de fazer política, baseada em previsões de crescimento económico virtuais e promessas que, sendo ou não realistas, deixaram de valer votos.

Se a prudência não aconselha a que se transcreva a papel químico cenários eleitorais de um Estado tão especial como o britânico para outros palcos europeus, a verdade é que o resultado que reconduziu e reforçou Cameron – validando uma política que, com alguma dose de austeridade, permitiu um crescimento económico em contraciclo – pode constituir um bom aviso.

Para a Europa, onde a França entrará em novo ciclo eleitoral dentro de algum tempo, mas também para Portugal, onde os discursos de campanha já se começaram a definir e as sondagens apontam para uma indecisão semelhante à que parecia existir no eleitorado britânico e que, afinal, era tão virtual como as promessas dos Trabalhistas.


Clássica fora do sítio

Começam hoje, às 17 horas, no Centro Paroquial de Aldoar, os concertos mensais da ESMAE - Música para os meus Ouvidos, no âmbito do programa Cultura em Expansão, que visa levar os agentes culturais para fora da sua zona de conforto habitual.

Hoje teremos Schubert, Nielsen e Hindemith, no arranque de um conjunto de seis concertos de entrada gratuita que terão lugar a 17 de maio, 14 de junho, 12 de julho, 27 de setembro, 4 de outubro e 22 de novembro.

Turismo em alta
Há tempos, no meu Facebook, questionou-se se era bom ou mau que os preços da hotelaria no Porto estivessem a crescer, como mostrava um estudo então divulgado. A publicação, esta semana, de outro estudo, da PricewaterhouseCoopers, contendo uma análise comparativa do potencial do setor do turismo em 20 cidades europeias, em que incluiu pela primeira vez o Porto, mostra que não é apenas o preço que está a subir. A cidade é já hoje uma referência internacional no setor e o potencial de crescimento não se esgotou. É, pelo menos, o que se pode concluir do cruzamento dos dois estudos.

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