Não o amava tanto quanto lhe dizia.
Ele tem 31 anos acabados de fazer e, embora lhe falte a sabedoria de um homem mais velho para compreender o pensamento feminino, é suficientemente atraente e confiante para conquistar as mulheres que deseja. Ao completar os trinta, convenceu-se de que já sabia tudo sobre assuntos de amor, mas um ano passou e, verdade seja dita, foi o pior de que se lembra em toda a vida. E agora já não está tão confiante nem certo de que não tivesse mais nada a aprender sobre as mulheres.
Iam casar, mas a namorada deixou-o. Porque é que ela fez isso? É simples, pela única razão que leva uma mulher a desistir de um homem: não o amava tanto quanto lhe dizia.
Ele não perdeu a habilidade de conquistar, só perdeu o entusiasmo, até conhecer uma mulher de uma beleza extraordinária. Nem sequer tem a certeza se têm interesses comuns, se são compatíveis, mas está convencido de que é a mulher certa.
Conheceu-a nas férias, na praia. Conversaram muito, riram-se muito, mas foi só uma ocasião. Agora, regressado a casa, já a contactou, trocaram mensagens. Quer convencê-la a sair com ele.
Disse-lhe que a desejava, mas esta mulher é diferente de todas as outras que já teve. É dez anos mais velha e, no esplendor dos seus 41, respondeu-lhe que desejo é diferente de amor. Bem, o que ela lhe disse foi: és um querido, mas desejar não é o mesmo que amar, pois não? Mas é um princípio, respondeu-lhe a medo e sem convicção, a pensar que quando uma mulher nos diz que somos ‘um querido’ o melhor é precavermo-nos das desilusões.
Ele não tem muitos argumentos para a seduzir, porque ela leva-lhe dez anos de avanço e, sendo igualmente bonita, não se deslumbra com a sua beleza juvenil. Afinal, homens que a desejam não lhe faltam.
O que ele não entende é que ela, como a maioria das mulheres, não está particularmente interessada na beleza, já perdeu o entusiasmo por homens bonitos, senão como um bónus, por assim dizer. Até podes ser bonito, mas tens de ser muito mais do que isso, está ela a pensar quando lhe diz com uma ternura condescendente, quase maternal, que ele é um querido.