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Victor Bandarra

Carecas de saber

"É óbvio que um milionário como Trump não precisa de usar capachinho…"

Victor Bandarra 6 de Março de 2016 às 01:45
O sr. Prudêncio, regedor da freguesia, ficou para a história da vila como o detentor do capachinho mais ridículo do país. Todos estavam carecas de saber que o homem, sempre emproado, usava a peruca masculina para disfarçar uma falta total de couro cabeludo. Mas isso nunca, mas nunca, o sr. Prudêncio conseguiu admitir. Ainda por cima, naqueles idos de 60, os capachinhos mais pareciam uma poia de pombo espalmada sobre a cabeça do utilizador. Uma lástima ao olhar, grandes risotas da rapaziada.

O meu amigo Zé dos Pneus, cioso do seu penteado à pintas, sempre incluiu o capachinho na lista das invenções mais ridículas da Humanidade. Ele que usava e abusava da expressão "careca de saber", a qual, segundo uma teoria pouco credível, tem origem no Egipto antigo, onde os nobres e faraós usavam as cabeças rapadas, com um rabo-de-cavalo atrás.

De cabeças rapadas abusam também os neonazis, versões actualizadas dos nazis originais. Cabeças que têm o bom senso de não imitar o mentor Adolf Hitler, senhor do capachinho mais ridículo do seu tempo, o que não o impediu de exaltar a tal raça ariana, suposta proprietária da patente dos cabelos longos, fortes e louros. Poucas décadas depois, um outro chanceler alemão, Gerhard Schroeder (não confundir com o Schoroeder de farta cabeleira loura do Peanuts) indignou-se quando um jornal insinuou que usava capachinho. O antecessor de Angela Merkel foi para os tribunais e o jornal teve de pagar multa e indemnizações ao capilar ofendido, ainda que toda a gente estivesse careca de saber que Schroeder se pelava por rebuscados tratamentos capilares. Quanto a Merkel, não consta que use capachinho, ainda que muitos europeus estejam com ela pelos cabelos.

Por estes dias, um outro político presidenciável, que nunca tem dúvidas e quase sempre se engana, encheu-se de brios e respondeu em palco a críticos e opositores que lhe apontam o suposto capachinho louro. Nada de confusões: trata-se de Donald Trump. O candidato a candidato republicano jura que o cabelo é dele e até industriou uma apoiante para lhe puxar o cabelo em público. Grande coisa! É óbvio que um milionário como Trump não precisa de usar capachinho. Basta-lhe simplesmente mandar fazer um implante capilar a preceito. Tremendo problema, para os americanos e para o Mundo, é se o homem consegue chegar à Casa Branca e se vem a provar que o implante não é apenas capilar...
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