Trata-se da rendição à ditadura do pensamento médico.
É o novo protocolo do poder em estado de emergência. Um conjunto de médicos, elevados à categoria linguística de especialistas, reflete sobre o futuro, numa conferência em que estão presentes, no passivo papel de ouvintes, políticos que nós elegemos.
Essas conferências influenciam complexas decisões da comunidade, suplantando o relevo de parlamento e conselho de ministros, no mais pernicioso efeito da pandemia. Ungidas como verdades científicas, as opiniões unívocas de especialistas unidimensionais indicam ao poder político o que deve ser feito.
Deixar as opções nas mãos de uma só área da ciência é errado: significa olhar para uma parte do mundo como se essa parte fosse a totalidade do real. Infelizmente, nunca é. A doença zero não existe. As sessões de especialistas representam a rendição a uma certa ditadura do pensamento médico.
Acima de qualquer visão particular devem estar escolhas democraticamente validadas. As conferências do Infarmed ameaçam transformar-se numa doença da democracia.