Por que motivo a Europa não sabe o que fazer com a crise das dívidas soberanas? A resposta é óbvia: porque a Europa não escuta os sábios nacionais, que todos os dias se exasperam com a cegueira dos líderes.
‘Toda a gente sabe como se resolve a crise corrente’, começam eles, com compreensível enfado. E depois desatam a debitar as suas leis, que se notabilizam por uma curiosa ausência: a ausência da realidade. Sim, eles querem uma união política, económica, fiscal e até existencial entre os irmãos ‘europeus’. Só não querem é que a Alemanha seja habitada por alemães, nem a Holanda por holandeses, nem a Finlândia pelos Verdadeiros Finlandeses.
Perante este impasse, que não pode acabar bem, talvez não fosse má ideia repetir as experiências missionárias do passado e enviar alguns dos nossos sábios para Berlim ou Bruxelas, dispostos a converter os selvagens à religião da Santa Europa Unida. Pode ser que o milagre consiga evitar o que os sucessivos pacotes de resgate não garantem: a falência a prazo dos periféricos e o proverbial pontapé para fora do euro.