Isaltino Morais foi condenado pelo Tribunal de Sintra a sete anos de prisão e perda de mandato por crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais e fraude fiscal. O povo de Oeiras não se comoveu: reelegeu Isaltino e este, talvez por gratidão, encomendou um conjunto escultórico a rondar os 1,5 milhões de euros.
Na Madeira, Alberto João Jardim ofereceu ao ‘continente’ uma obra de arte mais pesada: um buraco de 6,3 mil milhões que ajudou a espatifar as contas do país em 2011. Jardim, escusado será dizer, será reeleito nas próximas regionais.
Não vale a pena perder tempo com estas virtuosas lições democráticas. Excepto para dizer que a falência do país não se deveu a políticos gastadores ou corruptos – ‘eles’, na linguagem caricata do português burgesso. A falência deveu-se, e deve-se, à forma complacente como ‘nós’ fomos olhando, permitindo e até premiando a gestão demente dos recursos públicos. Não temos de que nos queixar.