É difícil não ficar impressionado com o aparato da cerimónia de atribuição dos Óscares da Academia de Hollywood.
Tratou-se de facto de um espectáculo grandioso, acompanhado por centenas de milhões de pessoas em todo o mundo através da TV, e que certamente gerou impactos publicitários a que os meios da sétima arte estão atentos. E, no entanto, o nome dos vencedores não deixa de ser previsível, o que parece resultar de uma avaliação tendencialmente conservadora das obras apresentadas a escrutínio.
O filme que este ano recolheu mais troféus, "O Discurso do Rei", reflecte esse fenómeno, sem embargo dos seus inegáveis méritos. É igualmente de registar o modo como o exercício comunicacional da cerimónia ultrapassa sem dificuldade de maior as fronteiras políticas ou culturais e, consequentemente, divulga um modelo norte-americano de vida. Gostemos ou não, a entrega dos Óscares acaba por consagrar o sucesso de uma imagem de marca e uma afirmação dos média americanos.
O que nos induz a imaginar como poderiam as nossas ideias e sentimentos ser instrumentalizados pela comunicação social. Haverá o risco de resultarem daí consequências que extravasam em muito o reino do puro entretenimento?