A aversão à mudança está na natureza das pessoas e das sociedades.
É assim em Portugal, como na China ou no Tuvalu. Não há, porém, promessa mais mobilizadora para o voto do que a mudança. O difícil é concretizá-la com reformas.
Na história, a palavra Reforma designa, no séc. XVI, o tempo de mudanças nos poderes religiosos do cristianismo e a abertura ao ‘livre exame' com afirmação da liberdade. Em Portugal, a reforma nunca foi bem vista, nem no sentido original de melhorar a forma, nem na perspetiva histórica de Reforma lançada por Lutero. Os reformadores ou reformistas são olhados de soslaio e só por inspiração depreciativa se trata os jubilados ou retirados da vida ativa laboral por reformados.
As palavras têm um enorme peso no pensamento e nas reações das pessoas. Assisti a uma rixa pois um homem chamou ‘troglodita' a outro. A mesma boa pessoa que elogiava a vivacidade da filha com "a f.d.p. da miúda é traquinas" reagiu com violência a uma palavra que avaliou mal. Receio que a reforma do Estado também esteja a sofrer grave diabolização quando se trata tão mal as reformas. Os reformados vivem tempos difíceis. As reformas necessárias metem medo. É um bico de obra.